Chegando a casa de Sirius, começaram a
preparar as coisas, havia um certo clima de
tensão , Mary não falava com Harry, sequer
olhava para ele , Rony parecia ter se acalmado
, talvez por refletir melhor e ver que pelo
menos o Luck não tinha nada a ver com o
intragável do Draco e isso era e certa forma
um consolo. Mas não estava completamente
conformado.
Faltava pouco para o dia amanhecer Rony
encostou no sofá e sem querer caiu no sono.
Mary tinha olheiras profundas resolveu
descasar um pouco no outro sofá.
- é melhor vocês dormirem , estão
acordados a quase vinte horas direto , assim
não vão conseguir se concentrar em nada
direito. - disse Ingrid subindo para o quarto
para terminar os preparativos para a viagem.
- E você, não está cansada e com sono?
perguntou Harry sentando-se na cama e tirando
as botas , seus pés doiam terrivelmente.
Ela meneou a cabeça negativamente, enquanto
ajudava ele tirar a capa e se despir.
Harry sentia-se grogue de sono, mas estava
alerta bastante para puxa-la junto a ele .
- já que me ajudou com minha roupa deixe-me
ajuda-la com a sua.. - disse enquanto
desabotoava as vestes dela , beijando seu
pescoço e alisando seus ombros nus - você
tem certeza que não quer dormir?
- Tenho - respondeu ela indiferente aos
beijos dele que agora desciam pelos ombros -
Pelo que parece , me tornei insensível a
agentes externos como sono, frio, fome, calor
, dor...prazer...
Ele parou de beija-la para fita-la
ligeiramente frustrado, seu olhar fixou-se na
marca de nascença que Ingrid possuía no
ombro esquerdo, uma flor de lis , perfeita no
ultimo até o detalhe, Ingrid se orgulhava de
tal marca dizia que era exclusividade dela ,
só quem teria seria ela e ninguém mais.
- sinto muito Harry, mas os sentimentos
continuam , amor , raiva, tristeza, que as
vezes doem mais que uma dor física...
- tudo bem ,não faz mal - disse ele
descansando a cabeça no colo dela - gosto de
você mesmo assim...
Ingrid riu .
- o que foi?- perguntou ele sonolento.
- você não se importa de beijar um
defunto?
- você não é um defunto, mesmo se o fosse
está bem conservada, um defunto não é
assim, está falando comigo - respondeu
sonolento - , me fazendo cafuné...está viva
...mesmo que seja provisoriamente...- e sem
notar caiu num sono profundo e sem sonhos.
Quando acordou viu Ingrid acordada
escrevendo, o sol já brilhava.
- O que está fazendo?
- anotando , anotações póstumas... para a
posteridade .Para um dia ser util, caso
precisem.
- uma vez pesquisadora sempre
pesquisadora...- sorriu Harry se levantado e
se vestindo , tinha que acordar os outros
.Torcia para que os ânimos tivessem
melhorado.
Todos estavam preparados para partir , em
termos, pois apesar de terem dormido um pouco
não foi o suficiente, pareciam mais mortos
vivos que a propria Ingrid, mas estavam
prontos.
Logo cedo embarcaram , agora só tinham que
esperar, enquanto isso Ingrid repassava o
plano novamente.
- Iremos até a estação , Weasley ,
contatará o irmão dele que trabalha na
policia trouxa , ele nos levará até o
computador mais potente da cidade , Harry
fará o resto, mas temos que tomar cuidado
para não chamar a atenção da comunidade
trouxa.
- Já mandei uma coruja para Jorge ,
avisando para ele esperar na estação - disse
Rony.
- Só nos resta esperar agora. - disse
Ingrid, então se acomodou no banco do trem e
tirou um estojo de maquiagem da bolsa que ela
carregava - peguei isso emprestado da esposa
de Sirius ...
- Para que? - quis saber Harry.
- Você acha que vou para Londres com essa
cara pálida de defunta insepulta? Na certa
vão me parar no meio do caminho e me mandar
para um hospital - respondeu ela passando pó
de arroz no rosto.
Enquanto isso Rony voltou a cochilar , Harry
percebeu que Mary ,que se sentara do outro
lado do corredor, olhava para janela do lado
de fora , perecia olhar mas ele percebeu que
ela estava absorta em pensamentos, pensamentos
que ele desconfiava quais seriam.
Sentou-se ao seu lado , Mary fez de conta
que não o viu.
- Mary...- começou ele a dizer mas ela
sequer deu atenção - sei que ainda está
zangada comigo... mas não vamos fazer disso
um cavalo de batalha, estou tentando te
explicar e você nem quer me escutar.
Ela continuava calada mas seus olhos se
tornaram marejado, rosto virado para o lado da
janela.
- Mary , eu não tinha a intenção de te
magoar... eu.. eu.. pretendia contar tudo a
você mas.. os problemas que estávamos
passando não queria deixa-la com mais essa
preocupação. Entende?
O silencio continuou sendo a resposta de
Mary, agora uma lagrima corria em seu rosto.
Harry suspirou e logo em seguida se irritou.
- Droga Mary , será que você não entende?
Seja um pouco flexível pelo menos , sempre te
contei tudo que você perguntava e eu pelo
menos nunca perguntei a você qualquer coisa
sobre o pai de Harnold!
Agora ela o encarou , o rosto manchado de
lágrimas mas com um olhar desafiador .Ela
finalmente respondeu.
- Agora resolveu cobrar coisas de mim ? Se
pensa que tenho medo de falar do pai de
Harnold , se enganou! É que eu não gosto de
falar de irresponsáveis mentirosos que
abandonam os filhos , e sequer aparecem para
dizer olá , isso que Adan , o pai de Harnold
foi, nunca me falou que era casado, como fui
tola de ter me entregado a ele , fui uma
idiota perfeita , quando eu disse que estava
esperando um bebê ele colocou as cartas na
mesa , me disse que era casado , e estava se
separando da atual mulher mas não estava afim
de nenhum compromisso serio e que eu me
livrasse da criança..- Mary fungou
inconformada - naquele momento eu me segurei
para não jogar um Avada Kedavra nele, ou
transforma-lo num sapo ou coisa parecida...
Então era isso, pensou Harry ela achava que
ele era um irresponsável como o pai de
Harnold, ele pareceu injuriado.
- Mas você está me comparando com esse
cara? Da onde você tirou a idéia que eu
teria coragem de abandonar uma criança? Eu
já repeti e não vou repetir de novo, eu não
sabia nada sobre Luck durante os últimos
dezesseis anos !Será que isso não entra na
sua cabeça? Sempre me perguntei no que você
havia puxado em seu pai , agora estou vendo,
nunca vi tanta teimosia e orgulho juntos numa
só pessoa!
Novamente ela se calou, o silencio dela para
Harry era mais torturante que uma discussão,
ele suspirou e murmurou antes de deixar o
banco.
- Sei que eu errei , mas lembre-se que ainda
te amo...será que pelos menos não consegue
entender isso.
E foi sentar-se ao lado de Rony que estava
adormecido , não queria comentar nada com
Ingrid, que ele sabia que foi impossível ela
não escutar toda a conversa. Agora sua esposa
passava cuidadosamente um batom vermelho nos
lábios, Harry ficou observando-a , ela sempre
se pintava assim , com cuidado e delicadeza,
sempre fora caprichosa, durante todo tempo que
ela estava com ele , Harry não se esquecia ,
apesar de ter tentado se esquecer, que ela
não ficaria definitivamente com ele , e que
cedo ou tarde se despediriam novamente e da
pior forma , sentiu um bolo na garganta só de
lembrar nisso, tentou se distrair olhando a
paisagem que passava veloz lá fora, olhou de
esguelha para Mary e ela continuava olhando
fixo para a janela do outro lado.
Logo em seguida sentiu uma mão sobre a sua,
era Ingrid , ela sorria meigamente para ele,
aproximou seu rosto no rosto dele e sussurrou
delicadamente convidando-o.
- No outro vagão tem umas cabines vazias ,
vamos até lá?
Harry sem entender muito a acompanhou até o
outro vagão , de fato tinha algumas cabines
vazias, entraram numa, Ingrid certificou-se
que a porta estava bem fechada , sentou-se
junto a ele segurou a sua mão e o olhou nos
olhos dele .
- O que foi parceiro o que te preocupa
tanto?
Chama-lo de parceiro era a forma carinhosa
que Ingrid usava quando percebia que ele
estava muito perturbado e aborrecido, era
quando ela deixava toda a descontração de
lado e o consolava.
- Acho que nem eu sei... se nesse momento
tivesse que fazer um outro teste para entrar
no Gergana eu seria reprovado em tudo, de tão
sem perspectiva que estou... - deu um sorriso
nervoso.
- Está se sentindo pressionado?
- Talvez, as vezes fico pensando se eu não
tivesse saído do Gergana nada disso não
teria acontecido ou eu tivesse te escutado
antes...- agora sentia que tinha necessidade
de desabafar - foi tudo culpa minha se não
fosse tão teimoso , tão irresponsável...
- Você não é irresponsável , e nem
teimoso ... um pouco cabeça dura talvez , mas
pare de se martirizar , se tivesse ficado no
Gergana contra sua vontade seria infeliz ,
encontrou alguma felicidade quando voltou para
Hogwarts , isso é importante , o que houve
agora são fatalidades, e você está se
esforçando para ajudar , pior se não tivesse
fazendo nada...
- Mas tudo teve que acontecer agora ? Tudo
de uma vez? As crianças , Luck ,
Mary...voce...Lilly..
- Tudo faz parte de uma reação em cadeia ,
venha cá Harry - Disse ela puxando ele ao
encontro de si , num abraço carinhoso - ,não
fique se atormentando com isso , não vai
ajudar em nada, quando não se pode fazer o
que se deve , deve-se fazer o que se pode.
- Será ? - perguntou ele sentindo as mãos
macias dela acariciar seus cabelos , e a sua
boca procurar seus lábios ,seus braços o
envolvendo para aconchegar num abraço um
apaixonado beijo.
Ouviram um troar de trovões ao longe
anunciando chuva, em poucos minutos pesadas
gotas batiam contra o vidro da janela , Harry
a abraçou mais forte , e ficaram assim,
calados olhando a chuva cair, como muitas
vezes faziam , antes dela partir, de Lana a
matar , mas não queria pensar naquilo naquele
momento , o que importava para ele era ficar
bem junto a ela e esquecer por alguns
instantes, pelo menos por alguns minutos de
tudo que o perturbava .Mas Ingrid ainda
comentou.
- Está chateado por causa da Snape? Gosta
muito dela?
Harry não esperava que a esposa fizesse uma
pergunta daquelas ,entretanto não via nenhum
sinal de ciumes na sua voz.
- Pensei que ela poderia preencher o vazio
que ficou quando voce partiu...
- Não deve ter sido facil para ela . Ela
deve ser muito especial para conseguir
conquistar seu coração , principalmente no
estado ele que estava...
- Verdade - suspirou Harry - mas acho que
estou perdendo ela , estou muito confuso ,
voce ..ela...entende?
- Eu estou aqui provisóriamente , eu vou,
você vai ficar , não deixe tudo entre voce e
Mary se acabar assim , deve existir algum
sentimento entre voces dois. Não que eu tenha
deixado de te amar , mas não pertenço mais a
esse lugar , tenho que deixar a vida
continuar...
- Ingrid... - ele beijou carinhosamente a
testa dela - posso até amar outra , mas no
meu coração sempre terá um lugarzinho
reservado só para voce...
Ainda estavam deitados abraçados no
estreito banco , Ingrid aconchegou sua cabeça
no peito dele e perguntou.
- Mais calmo agora?
Ele afagou os cabelos ondulados dela e
beijou sua testa.
- só você para dar a minha vida tanta paz,
não sei se voltaria a ser o mesmo sem
você...
- Talvez não, mas pode tentar , começar de
novo , mas não vamos falar nisso agora,
precisamos voltar para os outros , logo
chegaremos - se levantou e tornou a beija-lo ,
e sorrindo disse - preciso retocar minha
maquiagem ela borrou tudo depois desses
abraços.