O Regresso - Capítulo  14 - Causa e conseqüências
Capítulo 14 - Causa e conseqüências
 
Chegando a casa de Sirius, começaram a preparar as coisas, havia um certo clima de tensão , Mary não falava com Harry, sequer olhava para ele , Rony parecia ter se acalmado , talvez por refletir melhor e ver que pelo menos o Luck não tinha nada a ver com o intragável do Draco e isso era e certa forma um consolo. Mas não estava completamente conformado.
Faltava pouco para o dia amanhecer Rony encostou no sofá e sem querer caiu no sono. Mary tinha olheiras profundas resolveu descasar um pouco no outro sofá.
- é melhor vocês dormirem , estão acordados a quase vinte horas direto , assim não vão conseguir se concentrar em nada direito. - disse Ingrid subindo para o quarto para terminar os preparativos para a viagem.
- E você, não está cansada e com sono? perguntou Harry sentando-se na cama e tirando as botas , seus pés doiam terrivelmente.
Ela meneou a cabeça negativamente, enquanto ajudava ele tirar a capa e se despir.
Harry sentia-se grogue de sono, mas estava alerta bastante para puxa-la junto a ele .
- já que me ajudou com minha roupa deixe-me ajuda-la com a sua.. - disse enquanto desabotoava as vestes dela , beijando seu pescoço e alisando seus ombros nus - você tem certeza que não quer dormir?
- Tenho - respondeu ela indiferente aos beijos dele que agora desciam pelos ombros - Pelo que parece , me tornei insensível a agentes externos como sono, frio, fome, calor , dor...prazer...
Ele parou de beija-la para fita-la ligeiramente frustrado, seu olhar fixou-se na marca de nascença que Ingrid possuía no ombro esquerdo, uma flor de lis , perfeita no ultimo até o detalhe, Ingrid se orgulhava de tal marca dizia que era exclusividade dela , só quem teria seria ela e ninguém mais.
- sinto muito Harry, mas os sentimentos continuam , amor , raiva, tristeza, que as vezes doem mais que uma dor física...
- tudo bem ,não faz mal - disse ele descansando a cabeça no colo dela - gosto de você mesmo assim...
Ingrid riu .
- o que foi?- perguntou ele sonolento.
- você não se importa de beijar um defunto?
- você não é um defunto, mesmo se o fosse está bem conservada, um defunto não é assim, está falando comigo - respondeu sonolento - , me fazendo cafuné...está viva ...mesmo que seja provisoriamente...- e sem notar caiu num sono profundo e sem sonhos.
Quando acordou viu Ingrid acordada escrevendo, o sol já brilhava.
- O que está fazendo?
- anotando , anotações póstumas... para a posteridade .Para um dia ser util, caso precisem.
- uma vez pesquisadora sempre pesquisadora...- sorriu Harry se levantado e se vestindo , tinha que acordar os outros .Torcia para que os ânimos tivessem melhorado.
Todos estavam preparados para partir , em termos, pois apesar de terem dormido um pouco não foi o suficiente, pareciam mais mortos vivos que a propria Ingrid, mas estavam prontos.
Logo cedo embarcaram , agora só tinham que esperar, enquanto isso Ingrid repassava o plano novamente.
- Iremos até a estação , Weasley , contatará o irmão dele que trabalha na policia trouxa , ele nos levará até o computador mais potente da cidade , Harry fará o resto, mas temos que tomar cuidado para não chamar a atenção da comunidade trouxa.
- Já mandei uma coruja para Jorge , avisando para ele esperar na estação - disse Rony.
- Só nos resta esperar agora. - disse Ingrid, então se acomodou no banco do trem e tirou um estojo de maquiagem da bolsa que ela carregava - peguei isso emprestado da esposa de Sirius ...
- Para que? - quis saber Harry.
- Você acha que vou para Londres com essa cara pálida de defunta insepulta? Na certa vão me parar no meio do caminho e me mandar para um hospital - respondeu ela passando pó de arroz no rosto.
Enquanto isso Rony voltou a cochilar , Harry percebeu que Mary ,que se sentara do outro lado do corredor, olhava para janela do lado de fora , perecia olhar mas ele percebeu que ela estava absorta em pensamentos, pensamentos que ele desconfiava quais seriam.
Sentou-se ao seu lado , Mary fez de conta que não o viu.
- Mary...- começou ele a dizer mas ela sequer deu atenção - sei que ainda está zangada comigo... mas não vamos fazer disso um cavalo de batalha, estou tentando te explicar e você nem quer me escutar.
Ela continuava calada mas seus olhos se tornaram marejado, rosto virado para o lado da janela.
- Mary , eu não tinha a intenção de te magoar... eu.. eu.. pretendia contar tudo a você mas.. os problemas que estávamos passando não queria deixa-la com mais essa preocupação. Entende?
O silencio continuou sendo a resposta de Mary, agora uma lagrima corria em seu rosto. Harry suspirou e logo em seguida se irritou.
- Droga Mary , será que você não entende? Seja um pouco flexível pelo menos , sempre te contei tudo que você perguntava e eu pelo menos nunca perguntei a você qualquer coisa sobre o pai de Harnold!
Agora ela o encarou , o rosto manchado de lágrimas mas com um olhar desafiador .Ela finalmente respondeu.
- Agora resolveu cobrar coisas de mim ? Se pensa que tenho medo de falar do pai de Harnold , se enganou! É que eu não gosto de falar de irresponsáveis mentirosos que abandonam os filhos , e sequer aparecem para dizer olá , isso que Adan , o pai de Harnold foi, nunca me falou que era casado, como fui tola de ter me entregado a ele , fui uma idiota perfeita , quando eu disse que estava esperando um bebê ele colocou as cartas na mesa , me disse que era casado , e estava se separando da atual mulher mas não estava afim de nenhum compromisso serio e que eu me livrasse da criança..- Mary fungou inconformada - naquele momento eu me segurei para não jogar um Avada Kedavra nele, ou transforma-lo num sapo ou coisa parecida...
Então era isso, pensou Harry ela achava que ele era um irresponsável como o pai de Harnold, ele pareceu injuriado.
- Mas você está me comparando com esse cara? Da onde você tirou a idéia que eu teria coragem de abandonar uma criança? Eu já repeti e não vou repetir de novo, eu não sabia nada sobre Luck durante os últimos dezesseis anos !Será que isso não entra na sua cabeça? Sempre me perguntei no que você havia puxado em seu pai , agora estou vendo, nunca vi tanta teimosia e orgulho juntos numa só pessoa!
Novamente ela se calou, o silencio dela para Harry era mais torturante que uma discussão, ele suspirou e murmurou antes de deixar o banco.
- Sei que eu errei , mas lembre-se que ainda te amo...será que pelos menos não consegue entender isso.
E foi sentar-se ao lado de Rony que estava adormecido , não queria comentar nada com Ingrid, que ele sabia que foi impossível ela não escutar toda a conversa. Agora sua esposa passava cuidadosamente um batom vermelho nos lábios, Harry ficou observando-a , ela sempre se pintava assim , com cuidado e delicadeza, sempre fora caprichosa, durante todo tempo que ela estava com ele , Harry não se esquecia , apesar de ter tentado se esquecer, que ela não ficaria definitivamente com ele , e que cedo ou tarde se despediriam novamente e da pior forma , sentiu um bolo na garganta só de lembrar nisso, tentou se distrair olhando a paisagem que passava veloz lá fora, olhou de esguelha para Mary e ela continuava olhando fixo para a janela do outro lado.
Logo em seguida sentiu uma mão sobre a sua, era Ingrid , ela sorria meigamente para ele, aproximou seu rosto no rosto dele e sussurrou delicadamente convidando-o.
- No outro vagão tem umas cabines vazias , vamos até lá?
Harry sem entender muito a acompanhou até o outro vagão , de fato tinha algumas cabines vazias, entraram numa, Ingrid certificou-se que a porta estava bem fechada , sentou-se junto a ele segurou a sua mão e o olhou nos olhos dele .
- O que foi parceiro o que te preocupa tanto?
Chama-lo de parceiro era a forma carinhosa que Ingrid usava quando percebia que ele estava muito perturbado e aborrecido, era quando ela deixava toda a descontração de lado e o consolava.
- Acho que nem eu sei... se nesse momento tivesse que fazer um outro teste para entrar no Gergana eu seria reprovado em tudo, de tão sem perspectiva que estou... - deu um sorriso nervoso.
- Está se sentindo pressionado?
- Talvez, as vezes fico pensando se eu não tivesse saído do Gergana nada disso não teria acontecido ou eu tivesse te escutado antes...- agora sentia que tinha necessidade de desabafar - foi tudo culpa minha se não fosse tão teimoso , tão irresponsável...
- Você não é irresponsável , e nem teimoso ... um pouco cabeça dura talvez , mas pare de se martirizar , se tivesse ficado no Gergana contra sua vontade seria infeliz , encontrou alguma felicidade quando voltou para Hogwarts , isso é importante , o que houve agora são fatalidades, e você está se esforçando para ajudar , pior se não tivesse fazendo nada...
- Mas tudo teve que acontecer agora ? Tudo de uma vez? As crianças , Luck , Mary...voce...Lilly..
- Tudo faz parte de uma reação em cadeia , venha cá Harry - Disse ela puxando ele ao encontro de si , num abraço carinhoso - ,não fique se atormentando com isso , não vai ajudar em nada, quando não se pode fazer o que se deve , deve-se fazer o que se pode.
- Será ? - perguntou ele sentindo as mãos macias dela acariciar seus cabelos , e a sua boca procurar seus lábios ,seus braços o envolvendo para aconchegar num abraço um apaixonado beijo.
Ouviram um troar de trovões ao longe anunciando chuva, em poucos minutos pesadas gotas batiam contra o vidro da janela , Harry a abraçou mais forte , e ficaram assim, calados olhando a chuva cair, como muitas vezes faziam , antes dela partir, de Lana a matar , mas não queria pensar naquilo naquele momento , o que importava para ele era ficar bem junto a ela e esquecer por alguns instantes, pelo menos por alguns minutos de tudo que o perturbava .Mas Ingrid ainda comentou.
- Está chateado por causa da Snape? Gosta muito dela?
Harry não esperava que a esposa fizesse uma pergunta daquelas ,entretanto não via nenhum sinal de ciumes na sua voz.
- Pensei que ela poderia preencher o vazio que ficou quando voce partiu...
- Não deve ter sido facil para ela . Ela deve ser muito especial para conseguir conquistar seu coração , principalmente no estado ele que estava...
- Verdade - suspirou Harry - mas acho que estou perdendo ela , estou muito confuso , voce ..ela...entende?
- Eu estou aqui provisóriamente , eu vou, você vai ficar , não deixe tudo entre voce e Mary se acabar assim , deve existir algum sentimento entre voces dois. Não que eu tenha deixado de te amar , mas não pertenço mais a esse lugar , tenho que deixar a vida continuar...
- Ingrid... - ele beijou carinhosamente a testa dela - posso até amar outra , mas no meu coração sempre terá um lugarzinho reservado só para voce...
Ainda estavam deitados abraçados no estreito banco , Ingrid aconchegou sua cabeça no peito dele e perguntou.
- Mais calmo agora?
Ele afagou os cabelos ondulados dela e beijou sua testa.
- só você para dar a minha vida tanta paz, não sei se voltaria a ser o mesmo sem você...
- Talvez não, mas pode tentar , começar de novo , mas não vamos falar nisso agora, precisamos voltar para os outros , logo chegaremos - se levantou e tornou a beija-lo , e sorrindo disse - preciso retocar minha maquiagem ela borrou tudo depois desses abraços.

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