Tanto em Comum - Capítulo 7 - Primeira Prova
Capítulo 7 - Primeira Prova
 
- O que?- perguntaram juntos
- A primeira prova é esse domingo! Eu não tenho idéia do que seja, como vou me preparar?
- Eu vou falar com a minha mãe! Não, não, não é justo!
Então Lilly saiu correndo, ao mesmo tempo que as competidoras de Academia Brasileira de Magia entravam pasmas como Yan. Elas sentaram entre eles.
- Absurdo- falou Bruna- Completamente absurdo!
- Loucura, como vamos estudar?
Então elas olharam todos, parados, as observando.
- Vocês são do 5o ano, não?- Falou Raquel.
- Somos, porque?- respondeu Diana.
- Ah... Vocês podiam me chamar um monitor? – Ela continuou.
- Eu sou monitor, qual é o problema?-Perguntou Bruno.
As duas observaram o crachá que dizia "Bruno L. Cézar- Segundo Monitor". Depois cochicharam alguma coisa e enfim Raquel voltou a falar:
- Anh.. Aonde vamos dormir, será que o segundo monitor, sabe?
Havia um tom de inconfundível e irritante ironia na voz dela. Mas Bruno manteve a calma.
- Ah, sim. Tem um dormitório pra quatro pessoas no fim do corredor, a escada a esquerda. Fiquem lá, por enquanto. Mas acho que vocês serão transferidas para o dormitório do sexto ano amanhã.
- Então amanhã eu falo com o primeiro monitor.
- É monitora, Patrícia Valle, monitora-chefe de todo o colégio.
- Anh, certo, até amanhã.
E subiram a escada cochichando
- Argh, que nojo de meninas.-falou Diana
- Ah, Di, fica calma.- começou Yan- Não dê atenção...
Lilly entrou de novo, com uma cara desanimada.
- Não adiantou nada falar com ela. Ela disse que é um teste de improvisação e coragem.
Ela fez uma careta
- Então, Yan, vamos dormir. Amanhã você e eu vamos treinar.
- Treinar o que?
- Tudo que conseguirmos- respondeu Lilly se levantando e indo para o dormitório.
Yan olhou pra ela com cara de confuso. Então suspirou e levantou.
- Acho que vou dormir. Até amanhã.
Bruno e Diana continuaram conversando no salão comunal, enquanto Melaine Estis dormia tranqüilamente na moldura. O salão estava iluminado só por archotes.
Então Bruno falou alguma graça e Diana riu com vontade, sacudindo a cabeleira loira-platinada. Quando olhou de novo para Bruno se deu conta de quão perto estava. Os narizes quase se tocavam. Os olhos se encontraram e ele murmurou:
- Você quer?- Ela praticamente podia sentir as palavras ao invés de ouvi-las.
- Pode ser.- respondeu Diana abaixando os olhos.
- Isso foi um sim?
Mas Diana não respondeu, apenas olhou nos olhos intensamente, mas sem coragem de invadir seus pensamentos. Ele chegou mais perto e pôs a mão nos cabelos da nuca dela. Ela estremeceu e fechou os olhos. Então ele a beijou. A beijou com calma e delicadeza.
Por um instante ela ainda pensou "o que eu estou fazendo?", mas ele a abraçou e ela parou de pensar no resto do mundo. Bruno cheirava a chiclete de tutti-fruti e perfume masculino.
Ouviram um "pop" e se soltaram, temendo que fosse alguém. Mas tudo que tinha acontecido foi uma rosa muito vermelha tinha nascido em Diana. Ele a tirou delicadamente da mão dela. "Ai", "Doeu?", "Um pouco". Ele fez um feitiço e o sangue estancou. Ele beijou a palma das mãos dela e o coração de Diana disparou de uma tal forma, que ela achou que ele conseguia ouvir.
- Acho que provoquei uma emissão mágica involuntária...
- Não se preocupe, não vai mais acontecer.
- E se eu te beijar?
- Não me teste Bruno.
Ela estava de pé, olhando pra ele sentado no sofá. Em um movimento rápido ele levantou, a abraçou pela cintura e a beijou, a beijou com desejo e vontade até que dezenas de "pop's" explodiram pelo salão. Mas eles não se soltaram até que um "pop" veio acompanhado de um "Aí!".
Todas as janelas estavam emolduradas por rosas vermelhas e o quadro de Melaine Estis também. Aliás, uma rosa tinha crescido na mão dela. Ela olhou pros dois e começou:
"A essa hora da manhã"... "Eu esperava que você fosse mais ajuizado Cézar"... "Se agarrando de madrugada, fazendo barulhos e feitiços"
- Não estávamos fazendo barulhos e feitiços- resmungou Diana.
- Então o que eram esses pop's e essas rosas? – ela murmurou algo como "emissão espontânea"- Emissão espontânea, é? Pois tratem de se controlar! E porque ainda não tiraram esse feitiço?
- Finite Incantatem.- Falou Bruno.
Então os dois subiram o primeiro lance de escada e quando chegaram ao patamar aonde ela se dividia, ele a puxou e a beijou.
- Boa noite, Night. Tenha bons sonhos.
- Boa noite...
Então ela subiu a direita e ele a esquerda.
Deitada na cama aquela noite, Diana sabia que tinha muito no que pensar. Afinal, o fato dela ter beijado Bruno não significava que amanhã estaria tudo bem. Ou que eles fossem ficar "saindo". Ou que continuariam se falando. Na verdade, a única coisa que significava era que ela tinha beijado o Bruno. Agora, tudo podia acontecer.
 
Diana acordou na manhã seguinte ainda pensando no que acontecera. "Boa Noite Night" a frase ecoava na sua cabeça. Ele nunca a chamara pelo sobrenome. E fora desse jeito que ele tinha se despedido de tantas outra que foram só brincadeira.
Quando chegou ao salão principal, Bruno conversava com as duas competidoras que estavam na Estis. Ele visivelmente jogava charme e as duas eram só risinhos. Luiza que era a terceira monitora parou e cumprimentou Bruno antes de se sentar do lado de Diana.
- Jogando charme para as visitantes... O Bruno não tem jeito mesmo... Argh, são nojentas!- Ela fez uma careta- E nem são bonitas...
Ela sabia que Luiza tinha ainda uma quedinha por Bruno. Só sorriu, sem responder.
- Argh, argh, argh! Ele podia arranjar algo melhor!
- Ah! Ele nem é tão bonito assim!
- Aqueles olhos! Aquela boca! Ele não é lindo, mas melhorou muito desde o primeiro ano. Tem charme sim, olha pra ele com olhos de mulher!
Diana olhou bem pra Bruno. Os olhos verdes que ela conhecia tão bem, o cabelo mais arrumadinho desde o ano anterior. Estava mais alto e mais magro. Talvez mais bonito também. Era aquilo, tinha algo no Bruno que ela não tinha visto, mas que as outras viram. Como um charme, um jeito especial que com ela não funcionava. Será que era o charme veela, que ela por também ser parte veela não sucumbia como as outras? Mas era uma coisa a mais, especial que chamava a atenção de qualquer uma que parasse para observar podia perceber... E ela tinha visto na noite anterior pela primeira vez...
Lilly entrou no salão e se jogou na cadeira ao lado de Diana.
- Cadê o Yan?
- Treinando feitiços lá fora.
- Achei que fosse treinar com ele.
- Eu treinei... Mas eu queria ver uma coisa aqui dentro.
Diana acabou com o mingau e olhou pra Lilly. Mas ela estava muito ocupada olhando um garoto na mesa da Floris, competidor também.
- Lilly... "Uma coisa" é esse menino?
- Hum-hum. Me fale mais sobre ele, Di.
Ela fez algum esforço e entrou na mente do garoto.
- O nome dele é Rafael Arazen, tem 16 quase 17 anos, quer ir pra Beauxbatons, é muito bom em poções... Está te olhando, não está?
Lilly que estava virada pra Diana virou e olhou rapidamente para ele.
- Está.
- Ele te acha bonita. Novidade, todos acham. Ele está pensando em... Como conversar com você. Eu sugeriria que você fosse pro campo aonde o Yan está. Ele também vai treinar lá.
- 'Brigada, Di, eu vou lá. Beijo.
- Tenho que falar com você depois. Beijo.
Lilly saiu correndo pro campo. Diana foi fazer seus deveres.
Domingo chegou cedo demais pra Yan que queria mais tempo pra se preparar. A prova seria as 2hs da tarde e ele passou o dia todo sobre grande pressão. Diana ficou tentando ajuda-lo o tempo todo, querendo fazer ele relaxar.
Na hora do almoço, farto de todos ficarem olhando pra ele, Yan saiu pro jardim. Diana foi atrás com a comida flutuando atrás dela. Se sentou na grama ao lado dele e a comida desceu graciosamente entre os dois.
- Coma. Você precisa.
- Não quero.
- Eu sei que está nervoso, mas não comer só vai piorar. Coma pelo menos um pouco.
Yan fez uma careta e comeu a comida do prato. Depois bebeu o suco em um gole só.
- Você sempre consegue me convencer.
- Porque é sempre o melhor pra você.
Ele abraçou Diana como sempre fazia depois que brigavam.
- Você é uma ótima amiga, sabia?
Diana sorriu. Prof. Taulle desceu as escada e correu até eles.
- Yan, os competidores estão reunidos. Vim te buscar. Srta Night, por favor, faça companhia a srta Black. Ela está muito ansiosa.
Diana subiu até a torre da Estis
- Delicias gasosas
Diana ignorou a veela dançante e entrou no salão comunal. Só Lilly estava lá. Nem Melaine Estis estava em sua moldura, provavelmente em alguma visita. Quando Diana entrou, os tão conhecidos olhos lilás a procuraram aflitos.
- Porque você está tão nervosa, Lilly?
- Yan! E Rafael! Eu não sei pra quem torcer!
- Só isso? Ora, não torça pra nenhum, ou torça pros dois!
- Rafael veio conversar comigo ontem. Nós conversamos bastante. E ele falou comigo depois do café!Pediu pra eu torcer pra ele! Aliás, ontem você disse que queria falar comigo, o que era?
- Anh... Promete que não fica chateada?
- Não. Para de enrolar e fala logo!
- Eu fiquei com o Bruno.
- Que?! Quer dizer, quando?
- Anteontem. Lá no salão comunal. Nada demais.
- Nada demais! Sair com o Bruno nunca é "nada demais"! Eu quero saber tudo, todos os detalhes!
Então Diana e Lilly ficaram rindo e conversando sobre os acontecimentos daquela noite até que deram quinze para as duas e elas ainda estavam lá em cima. Desceram até o Hall e saíram pela porta de trás, que dava para o campo de quadribol. A cortina d'água não tocava o solo, mas as molharia elas se não fizessem o feitiço.
- Paratis!- falaram juntas.
A escola toda já estava sentada nas arquibancadas. Vinicius Dantes, da turma delas faria a irradiação, como em todos os jogos de quadribol. Os juizes eram os três diretores, mais o ministro da educação mágica, Eduardo Mendonça, e o ministro de políticas exteriores mágicas, Hélcio Reis.
Elas sentaram do lado de Luiza e Bruno. Eles tinham escrito uma faixa com os dizeres "Yan à frente!" que Diana achou meio idiota. Ela pensou no amigo bem forte, imaginado ele. Com alguma sorte conseguiria.
Tec
Como você está?
Mais ou menos. Meio nervoso.
Já sabe o que vai ser?
Não. Vou parar, vou passar por um feitiço que corta comunicação.
Boa sorte!
'Brigado!
Tec
- Como ele está?- perguntou Lilly.
- Nervoso.
- Então está normal.
Vinicius começou a falar, sua voz magicamente ampliada. "É hoje a primeira tarefa da competição que vai decidir. Quais são os cinco estudantes que vão para o intercâmbio! Lembrando que o primeiro lugar ganha uma bolsa de 1000 galeões semestrais! A ordem para está prova são.. Bruna Fonseca, Rafael Arazen, Raquel Moura, Joana Luz, Yan Veras e Gustavo Alvim... Esperando a autorização da banca... Bruna Fonseca, pode vir!"
Lá de cima viram os cabelos flamejantes de Bruna sobre as vestes azuis escuras. Um fedor tomou conta do local e três trasgos de 3 metros de altura (o menor) entraram no campo em direção a Bruna. Aparentemente, ela deveria enfrenta-los e levar a banca os três bastões que eles tinham nas mãos.
- Mas é só estupora-los!- gritou Lilly.
Foi o que Bruna pensou. Todos ouviram ela gritar "Estupefaça", mas o feitiço não funcionou. Pensando rápido, ele transfigurou um monte de terra em um pequeno dragão. Não foi realmente inteligente, o dragão torrou os trasgos com o fogo e desapareceu (ela quase desmaiou com o esforço). Ela levou os bastões aos juizes impressionados, mas perdeu pontos por ter posto todos em perigo. Arazen transfigurou os trasgos em gatos, estuporou-os e levou os bastões. Raquel Moura usou um feitiço convocatório, pegou os bastões e depois chamou a vassoura para deixa-los tontos. Ela fez eles baterem a cabeça uns nos outros, o que não era muito difícil uma vez que eram muito burros.
Joana usou um feitiço simples para levitar os bastões e atingiu todos eles de uma só vez, com uma bastonada só. Mas Yan estava em uma tenda na beira do campo junto com Alvim. Eles ouviam os comentários de Vinícius, e as notas dos participantes. A tensão crescia a cada instante.
"Próximo competidor, Yan Veras, pode vir!". No instante que saiu da tenda, um fedor invadiu suas narina... "Trasgos!" ele pensou. Não sabia o que fazer.
Diana, Lilly, Luiza e Bruno se contorciam de nervosismo na arquibancada. Yan conseguiu ouvir a voz de Diana baixinho, Boa Sorte, você consegue!. Diana... Que menina. Os trasgos se aproximavam. "É isso!" ele pensou. "Diana, veelas". Ele diminuiu as balizas a transfigurou-as em seis gigantescas veelas dançantes. Os trasgos aparvalhados, largaram os bastões, sentaram e começaram a babar. Yan correu até a mesa aonde estava sentada a banca e entregou os bastões.
Toda a arquibancada explodiu em palmas. Ele ouviu a voz de Vinicius: "As notas dos juizes... Sra Brenner... 9,5... Sr Brandão... 7... Helena, quero dizer, Srta Dumbledore... 10! Sr Mendonça... 8... Sr Reis... 8 também!". Prof Taulle passou o braço pelo ombro de Yan e o levou para a tenda de atendimento médico.
- Aqui Fernanda, uma poção revitalizadora deve bastar...
"Gustavo Alvim, é sua vez!". Fernanda deu a Yan um copo cheio com a poção que ele bebeu fazendo careta.
- Não adianta fazer cara feia. Agora deite.
- Não quero, Fernanda. Tô bem.
- Se você não deitar, vou te trancar na enfermaria e você não vai a festa dos domingos.
Yan deitou e logo depois ouviu um monte de gente entrando. Após alguns segundos, Fernanda abriu a cortina que separava ele do resto da cabana.
- Pode sair, Yan, vamos precisar da cama.
Ele se levantou e deitaram Gustavo Alvim na cama.
- O que aconteceu?
- Se estuporou sem querer. Agora vá, menino. Tem um monte de gente esperando por você.
Diana, Lilly e Bruno aguardavam histéricos do lado de fora. Assim que Yan saiu, eles pularam em cima dele, em um redemoinho de abraços.
- Vamos!- Chamou Diana- Já são quase 4 horas. Ás 5 a festa dos domingos começa. E hoje, temos que comemorar! Você e Arazen estão em primeiro lugar!
E foram andando de volta para o palácio.

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