Harry Potter e o Toque de Prometeu - Capítulo 10 - A Porta Verde
Capítulo 10 - A Porta Verde
Sirius estava deitado no escuro, esperando por Lupin. Passara o dia
inteiro pensando na loucura que se tornara sua vida depois que fora
traído por Wormtail, no tempo que perdera em Azkaban e principalmente, no
que faria depois que limpasse seu nome. Quando fugira, seu único
pensamento era provar sua inocência, nunca pensara no depois. Agora
Sheeba ressurgira, e junto com ela milhões de sensações e pensamentos
que estavam escondidas, ou antes represadas lá no fundo de sua alma. Era
a existência dela que o fazia pensar no depois, e fazia sentir urgência
de reconstruir sua vida. Se Dumbledore, Lupin ou qualquer outro dissesse
que ele não podia entrar naquele subterrâneo no dia seguinte,
provavelmente ele não escutaria e entraria assim mesmo. Nesse momento
Lupin chegou, e acendeu o interruptor do quarto. Tinha a cara abatida,
como sempre acontecia quando estava chegando a lua cheia, que começava no
dia seguinte.
- Sirius, você sabe o que é eletricidade?
- Não. Mas não gosto - disse cobrindo o rosto- de luzes que se acendem
bem na minha cara desse jeito sem aviso.
- Más notícias. Não me deixaram falar com Dumbledore. O que acha de
adiarmos para depois da lua cheia?
- E perder Wormtail? De jeito nenhum. Temos que pegá-lo amanhã, Lupin.
- Sirius, pode ser uma armadilha!
- Mande uma coruja para Dumbledore dizendo "vamos entrar",
oras.
- Avise Sheeba, então.
- Não. Ela nunca precisou de um aviso.
- Cara, você está fazendo exatamente tudo que se deve fazer para
perder uma mulher... - Sirius levantou-se da cama
- Se eu avisá-la, ela vai dar um jeito de impedir que eu entre. Cada
dia que eu passo fora de lá, é mais um dia da minha vida que eu perco...
você não sabe o que é isso, Lupin. Você não é um banido que tem que
andar por aí escondido, enxergando dementadores em cada canto. Eu entro
lá, pego Wormtail ou morro limpando meu nome! É isso que vou fazer, com
ou sem você, com ou sem Dumbledore!
- Está bem, Sirius, eu entro contigo amanhã. Mas você vai me prometer
que vai avisar Sheeba agora do que vai fazer.
- Não precisa me avisar, Lupin, eu já sei. - Sheeba acabara de
aparatar bem atrás dele.
- Eu não disse que ela não precisava de aviso - disse Sirius mal
humorado, virando as costas para Sheeba que não tomou conhecimento.
- Lupin, Sirius, estive em Hogwarts o dia inteiro. As coisas não estão
muito boas por lá. Mais da metade dos alunos está sob feitiço de
confusão. Eu acabei de avisar Dumbledore sobre isso e ele me deu uma luz
do que pode estar acontecendo.
- O que? - Sirius evitava olhar para ela.
- Alguém pode estar tentando fazer algum feitiço proibido em Hogwarts.
Eu fiz um pequeno levantamento: Cada aluno que cortou o cabelo lá está
sob feitiço de confusão. Dumbledore vai reforçar a segurança e pediu
reforço à polícia do ministério
- Onde Dumbledore estava o dia inteiro? - Sirius perguntou irritado,
ainda sem olhar para Sheeba.
- Resolvendo um assunto importante. Algo que ele está tentando há
muito, mas está difícil
- E o que você vai fazer?
- Eu vou ficar em Hogsmeade com a polícia. Moody Mad Eye chega amanhã,
e as coisas ficam mais calmas. Vamos fazer uma conjuração contra
feitiços não autorizados, e depois que ela estiver feita, acreditamos
que cada feitiço de confusão guardado em Hogwarts vai desaparecer. A
coisa é tão preocupante, que Sibila Trelawney ontem à noite foi levada
para o Hospital St Mungos.
- O que aconteceu com ela? - perguntou Lupin
- Na verdade acho que ela teve um sopro das parcas e não agüentou.
Embora não acredite em nada do que ela costuma prever, ninguém nunca
tinha visto Sibila insana conforme ela estava ontem. Os alunos não sabem
disso. Ela foi levada no meio de um delírio total para o Hospital de
madrugada. É o mal dos charlatões, um dia eles sentem o peso de sua
responsabilidade. Preciso voltar para Hogsmeade.
- Não vai me dar um beijo?
- Não, Sirius. Sinto muito, você começou, você termina - Disse
Sheeba, e desaparatou.
- Não diga nada, Lupin... - completou Sirius mal humorado
Quilômetros distante, em Hogwarts, Hermione acabara de presenciar este
diálogo.
No dia seguinte, Sirius e Lupin desaparataram num túnel abandonado do
metrô.
-Agora - disse Sirius - É só seguir o cheiro de rato. - transformou-se
rapidamente no grande cão e foi farejando, procurando o cheiro azedo de
Wormtail, que ele era capaz de reconhecer a quilômetros de distância.
Sentia seu cheiro, e sabia que estava por perto, mas ele era muito bom em
se esconder. Andaram mais de quatro quilômetros, e Sirius continuava a
sentir o cheiro dele... havia um desabamento no meio de um túnel, mas
eles não tiveram dificuldades em perceber que na verdade era uma
barreira. Sirius saltou em sua forma canina e atravessou-a. Lupin o
seguiu, logo depois da barreira tiveram a primeira pista. Havia uma porta
lateral arrancada, que dava para escadarias que desciam mais ainda. A
porta era guardada por um feitiço de decapitação, que Lupin demorou
algumas horas tentando decifrar. Quando finalmente conseguiu, olhou o
relógio: Meio dia.
- Sirius, vou deixar esta porta com um feitiço de desarme, se
conseguirmos alcançar Wormtail, não quero que os Aurors e a Polícia do
ministério tenham dificuldade de entrar aqui. Temos que entrar rápido,
isso é uma corrida contra o tempo.
Naquele momento em Hogwarts, Dumbledore comunicava aos alunos muito
sério que iriam perder as aulas da tarde para fazer um serviço de
limpeza contra feitiços não autorizados. Aproveitou para avisar que quem
não quisesse ter nenhum feitiço estragado teria meia hora para
registrá-lo. Hermione lembrou a Harry que ele deveria comunicar sobre a
veste que Sheeba lhe dera, pois ela ainda não estava registrada entre
seus pertences, assim como a jóia que Sheeba dera a Hermione. Na frente
da mesa onde Profª Minerva registrava os feitiços, começou a formar-se
uma fila de alunos. Moody Mad Eye presidiria os trabalhos. A lado da mesa
principal, Sheeba apreensivamente segurava algo dentro de seu bolso. Era
um objeto que roubara da roupa de Sirius na véspera, um botão.
Apertava-o nervosamente, murmurando: "Rápido, Sirius, rápido".
Não conseguia prestar atenção em nada que ocorria no salão.
Enquanto isso, em Londres, Lupin e Sirius, já transformado em homem,
desciam uma escadaria que parecia mergulhar na escuridão. A toda hora
eram lançados feitiços, armadilhas que os dois repeliam com feitiços de
banimento e expulsão.
Em Hogwarts Moody Mad Eye começava o ritual, gritando palavras muito
antigas com uma varinha em cada mão. Na sua frente, crepitava um
caldeirão, lançando fumaça violeta no ar. Moody mergulhou a ponta das
duas varinhas no caldeirão, e a fumaça separou-se em um espectro rosado
e outro azulado. Cada um deles se tornou um imenso cavalo, que parecia um
fantasma e saíram os dois a cavalgar pelo ar, um para cada lado. À sua
passagem, era possível ouvir uma série de feitiços desarmando-se,
explodindo... eram feitiços de amor de meninas do quinto ano,
brincadeiras de mau gosto como as de Fred e Jorge, travessuras do
poltergeist pirraça. Na cabana de Hagrid um bule de chá explodiu, onde
ele guardara uma coisinha que estava preparando para dar de presente para
Madame Olympia Maxime ( ele era oficialmente proibido de fazer mágicas);
uma pena de escrever enfeitiçada com cola para prova de trasfiguração
explodiu na mochila de Draco Malfoy. Quando um dos cavalos desapareceu
pelo teto na direção do segundo andar, uma explosão imensa sacudiu
Hogwarts e houve pânico. Snape correu na direção do som enquanto um
bando de elfos domésticos entrou gritando no salão que a cozinha estava
sendo inundada. Sheeba correu para lá bem a tempo de ver desabar do teto,
de dentro de uma coifa, derretendo como gelo comum, o maior gelo de
confusão que ela já vira, formado por cabelos de várias pessoas
enrolados com um grande novelo multicor. Quando ele finalmente virou
líquido, ela saiu da cozinha.
Sheeba retornou rapidamente ao salão principal para tocar em Harry. Ao
tocá-lo, nada aconteceu. O ritual estava terminado e ele continuava sob
feitiço de confusão. Encontrou o olhar apreensivo de Dumbledore e disse:
- O feitiço dele não está aqui! Alguém o levou embora. Então notou
que Snape desaparecera da mesa principal.
Neste momento, Lupin e Sirius davam de cara uma porta onde haviam dois
corredores, um à direita, outro à esquerda. Decidiram separar-se, Sirius
ia à esquerda, Lupin à direita. Conforme foi avançando pelo corredor,
Sirius viu que ele mudava bruscamente de direção, como se fosse um
labirinto (Detesto Labirintos, pensou), Mais um curva e deu de cara com
uma porta amarela. Sirius abriu-a cuidadosamente, sem entrar. Olhou para
dentro e tirou a cabeça bem a tempo de evitar uma chama cuspida por uma
espécie de diabrete. Fechou rapidamente a porta e decidiu seguir adiante.
Foi andando e viu que havia uma Segunda porta, desta vez vermelha. Farejou
o que estava atrás dela, e abriu-a com mais cuidado, vendo um grande
trasgo. Conjurou cordas fortíssimas e prendeu o Trasgo para constar que
aquela sala não dava em lugar nenhum. Saiu da sala e seguiu pelo
corredor. Quando avistou uma porta laranja, uma luz acendeu na sua cabeça
e ele correu de volta pelo corredor. Em Hogwarts, Sheeba repetiu:
"rápido, Sirius, rápido". No final do outro corredor, Remo
Lupin acabava de avistar uma porta verde.