O Regresso - Capítulo  7 - Àguas Passadas
Capítulo 7 - Águas passadas.
 
Os meses transcorreram sem nenhum problema, o Morag não apareceu mais, mas isso não fez Harry esquece-lo, mas ele se ocupava com outras coisas, Lilly aprendera a andar e corria por todo canto enchendo a casa de Black com os sons dos seus passarinhos, já havia feito seu primeiro aniversário e colecionava um pequeno repertório de palavras, aprendeu a falar Sirius primeiro que papai( o que de inicio deixou Harry ligeiramente frustrado). Sua amizade com Mary se estreitara cada vez mais, agora costumava passar algumas tardes com ela a pesquisar livros atrás de mais evidencias sobre a besta fera. Rony sempre preocupado com Hermione, que já exibia uma barriguinha saliente, não parava de dar recomendações a ela, parecia com mais com uma mãe do que com um marido.
O natal estava chegando, numa fria tarde de dezembro Harry se encontrou com Luck no corredor perto do salão da Grifinória.
- Olá Luck, como está sua mãe?
O garoto o olhou simpaticamente , mas no fundo parecia triste, respondeu educadamente antes de entrar na sala.
- Do mesmo jeito de sempre. - deu um suspiro desanimado, Harry não conseguia entender como aquele garoto podia ser filho de Malfoy, não tinha nada haver com Draco, tanto na aparência como nas atitudes. Kelly Malfoy sim , ela era a cara e a fuça do pai, principalmente no seu jeito desdenhoso de ser.
- Mande lembranças.- disse Harry.
- Mandarei sim, tchau senhor Potter. - e sumiu por de trás do quadro.
Qual seria o mesmo jeito de sempre? Viu-se perguntando, depois daquele dia na casa de Percy as outras vezes que vira Gina ela estava sempre ao lado de um desconfiado Malfoy, mas seu olhar continuava triste como o de Luck.
Em poucos dias as ferias de natal chegaria , prometeu a Sofia que a levaria para casa dos pais, e de quebra iria visitar os seus tios, não que tivesse morrendo de saudade, mas por curiosidade.
Depois de ter deixado Sofia com Duda, mais gordo do que nunca e revisto seu tios , que pareceram tão espantados , quantos os outros em rever o sobrinho depois de tanto tempo, Harry voltava para o Caldeirão Furado, onde estava hospedado.
Caminhava tranqüilamente pelas ruas , onde a maioria das pessoas andavam apressadas comprando presentes, agora as rua eram livres para os pedestres exceto as pistas de pouso dos aeromóveis, que pousavam e decolavam.
Estava muito frio, o céu estava cinzento e carregado de neve ainda por cair, Harry metido num sobretudo escuro, o cachecol em volta do rosto e o chapéu puxado sobre os olhos descia a rua distraidamente observando os veículos voarem por Londres, a tecnologia trouxa havia evoluído muito naqueles anos, por isso que a Tecnomancia estava se tornando um domínio importante , devia ser incluída no currículo da escola, Harry pensou seriamente em conversar com McGonagall sobre isso.
O céu estava congestionado, Harry riu quando pensou como estava difícil de voar com uma vassoura agora que esses modernos veículos começaram a circular tomando todo espaço aéreo, as ruas eram reservada apenas para os pedestres e aeromóveis estacionados. Mas ele se esquecera que os carros de policia trouxa também circulavam nas ruas principalmente quando perseguiam algum infrator.
Foi exatamente isso que aconteceu , foi tão rápido que Harry quase foi atropelado por uma aeromoto que voava um pouco acima do nível do solo, assustado ainda conseguido se desviar do veiculo , e de uma primeira viatura que o perseguia, mas outras viatura vinha em sua direção e não daria tempo, de desviar , imediatamente pegou sua varinha e apontou para o veiculo.
- Desvie. - bradou , sorte que aquela alameda naquele momento estava vazia , pois ninguém acreditaria no ocorreu, a viatura deu uma dupla pirueta no ar mas pousou em segurança, essas era uma das habilidades de Harry , fazer as máquinas fazerem coisas impossíveis.
O único problema agora era o condutor do veiculo, Harry teria que apagar sua memória, agora com a varinha escondida no bolso , observou a porta da viatura se abrir e um surpreso policial sair dele não acreditando no que acabara de ocorrer. O homem usava o uniforme da policia londrina ,com direito a o acochado colete a prova de balas e laser, trazia na cintura uma pistola de raios paralisante, que tinham um efeito semelhante ao feitiço estuporante, o rosto do policial estava oculto pelo capacete com visor infravermelho.
- Mas que diabo aconteceu..?.- perguntava o policial se aproximando de Harry.
Harry já estava tirando a varinha do bolso , era um feitiço simples que não deixava seqüelas, mas se deteve quando o homem tirou o capacete, tinha os cabelos curtos estilo militar, eram ruivos e em sua lapela um crachá escrito Capitão J. Weasley. Harry arregalou os olhos para ele , estava tão surpreso quanto o policial.
- Jorge? Jorge Weasley?- perguntou, para o homem , este parou , espremeu os olhos desconfiados para Harry.
- Você me conhece?
- Jorge , sou eu, Harry.
- Harry? - repetiu ele e repentinamente como se algo atingisse sua mente ele sorriu e e quase gritou - Harry Potter, mas não pode ser , pensei que tivesse ...
- Morrido? - concluiu Harry - é todo mundo que me vê acha isso mas como pode ver estou bem vivo , apesar de você quase me matar atropelado...
- Me desculpe , mas estávamos perseguindo , um ladrão de jóias, mas já foi capturado, - disse olhando para um aparelho semelhante a um mini computador, depois olhou jovialmente para Harry - então , o que tem de novidades, deve ter muita coisa para falar quase não te reconheci.
- E nem eu , esse seu cabelo está diferente , comparado com Fred...
Nesse momento , o sorriso de Jorge se encrespou um pouco, Harry lembrou-se que ele deixou de querer ser bruxo , mas logo em seguida relembrou da promessa feita a Hermione. Achou que Jorge não gostaria de falar da família agora , mas pelo contrario ele perguntou.
-Eles estão todos bem?
- Sim. - confirmou Harry observando cuidadosamente as feições de Jorge antes de falar - eles tem saudades de você.
Jorge deu um sorriso enviesado, consultou o relógio seguiu em direção ao carro .
- Venha Harry , vamos para um lugar melhor vai começar a nevar , conheço uma boa cafeteria.
Minutos depois , os dois estavam sentados a uma mesa de uma aconchegante cafeteria , dava para ver a rua do lado de fora através de uma grande janela. Rajadas macias de neve batiam contra a vidraça. Fazia um barulho sussurrante, incomodo.
A garçonete deixou duas xícaras de café quentes na mesa, Harry tomou um gole olhando para fora, limpou a boca com o guardanapo e disse a Jorge sem se virar.
- Hermione vai ter mais um filho.
- Sério? Aquele Rony - tinha impressão que Jorge ia soltar uma gargalhada - não tem jeito, parece que quer ser como o papai, encher a casa de filhos .Esse é o quarto, não é?
- Não, é o quinto - corrigiu Harry pousando a xícara na mesa e se servindo de umas torradas.
- Puxa quer dizer que ele teve outro enquanto estive...
- Ausente , longe? - concluiu Harry encarando Jorge. - Mione me contou Jorge, seus irmãos não se importa com o que houve antes, eles querem te ver , saber como está...
- Diga que estou bem , e minha irmãzinha, Gina como está? É com que mais me preocupo , não sei como teve coragem de se casar com Malfoy, foi tão de repente, em menos de um mês ...
- Um mês? - interrompeu Harry apesar de nunca ter perguntado exatamente quando ela se casou.
- Isso mesmo, disse que gostava dele faz tempo , mas temia nossas represálias, só disse isso quando resolveu casar com aquele.. aquele...- Jorge fechou os punhos com raiva e bateu na mesa fazendo as xícaras estremecerem, chamado a atenção dos outros fregueses - burgesinho metido a besta! Não sei o que ela viu nele, pensamos até que estava sob efeito de algum feitiço, pobre Gina tão frágil , seu primeiro filho foi prematuro, nasceu antes do tempo, mas se recuperou logo, como ele está?
- Um aluno incrível, ele é monitor.
Jorge sorriu com aquela noticia.
- Sempre tem que ter um na família...
- Porque não vai visitá-los? - insistiu.
- Sinto muito , Harry , mas não posso voltar - respondeu ele com a voz desanimada - seria muita humilhação...
- Eu disse que eles te perdoaram , não pode me esconder que sente saudades, deixe esse orgulho para trás, volte.
- Eu já disse que não posso , porque agora tenho um emprego aqui...e tem outro motivo , veja - respondeu mais entristecido ainda, apontou para fora da janela em direção ao prédio do outro lado da rua.
Harry olhou e viu um bando de crianças saírem do prédio, Jorge tinha toda atenção voltada para um garoto de cabelos castanhos avermelhado aparentando uns cinco anos que corria e abraçava uma mulher loira e magrinha.
- Aquele é o meu pequeno , Felipe. - disse com a voz embargada - toda a tarde quando posso venho aqui para vê-lo sair da aula de pintura, um garotinho talentoso, e só posso vê-lo daqui...
- Por que ela não deixa , existe as leis trouxas...
- Eu sei , mas ela ameaçou de contar aos trouxas sobre nos, não que eles iriam acreditar nela , mas meu filho seria exposto ao ridículo.
- Mas isso vai mudar , lembre-se quando ele tiver maior , vai ser chamado a Hogwarts, isso ela não vai impedir.
- É o único consolo...mas por enquanto não posso voltar, tenho que estar ao lado do meu garoto , mesmo que esteja tão distante...- o aparelho que Jorge usava começou a emitir um som , Weasley o pegou pediu um tempo a Harry para atender - capitão Weasley na escuta, prossiga.
- Mais um desaparecimento - dizia uma voz digitalizada pelo aparelho. - tente dar andamento , já é o quarto , sem pista ainda. desligando.
- Ok , estou a caminho - disse Jorge fechando o aparelhinho num estalo, olhou sério para Harry, deu um longo suspiro.- preciso ir, Harry , estou encabeçando uma investigação sobre o desaparecimento de varias pessoas, muito estranho , somem do nada, parece magia...
- Que estranho, suspeita de alguma coisa?
- Não - disse se levantando e pegando o capacete , apertou a mão de Harry com força - foi bom revê-lo amigo, mande lembranças a todos e diga que tempo saudades , e diga ao Rony para ter juízo e poupar um pouco a Mione.
- Seria bom se você fosse pessoalmente dizer isso - disse Harry.
Jorge não disse mais nada vestiu o capacete e saiu em direção a porta , Harry pode ver ele entrando no aeromovel , olhou mais uma vez para Harry e saiu voando em direção ao céu cinzento de Londres.
Ele também precisava voltar, deixara Lilly com os Black, e queria passar o fim de ano com a filha.
As comemorações foram bem alegres, Lilly ganhou vários presentes , no final do dia ela descobriu que as caixas eram mais divertidas que os brinquedos, Harry foi visitar os Weasleys, estavam todos na Toca , que parecia um pouco mais apertada com aquela gente toda , os filhos e os netos de Arthur e Molly.
Harry queria dizer que encontrara Jorge ,mas não foi preciso, quando ele chegou Jorge já estava lá.
- Decidi reconsiderar seu pedido , Harry. - disse Jorge sorrindo.- talvez eu não volte agora ,mas visitar minha família é possível.
Gina também estava lá , dessa vez Draco não estava em sua companhia, o olhar de Harry cruzou com o dela, ela sorriu parecia um pouco mais animada.
- Feliz Natal , Harry - disse quando chegou até ele, e beijou-lhe a face.
Ele sorriu sem jeito, quando foi a ultima vez que ela o beijara? Foi ainda na escola , quando se formou e ela se declarou para ele, aquilo devia ter sido muito difícil para Gina , guardar um amor sufocado no coração durante tantos anos.
Ele sabia que ela o amava desde o segundo ano em Hogwarts, ele até que tentou por um curto período de tempo aceitar o amor de Gina , mas logo viu que o que sentia por ela era um amor fraterno, nada mais e que nunca iria dar certo.
Aquilo arrasou o coração de Gina no dia em que rompeu com ela levou um tapa tão grande no rosto que a marca demorou a sair.
Mas era a verdade, foi melhor assim, e agora estava lá com essas lembranças reativada por causa de um beijo.
- Feliz Natal, Gina. - disse retribuindo o beijo e nada mais, num canto de olho pode ver o jovem Luck Malfoy a observa-los. Isso não era bom talvez o garoto fosse contar ao pai , sobre o formal beijo, ou talvez não.Pareçe que Malfoy não dava tanta atenção a Luck, nas vezes que apareceu na escola só foi para ver a menina, será que era só porque ele era da Grifinória?
- Podemos conversar lá fora? - pediu Gina repentinamente.
Ele hesitou , sabia o que estava por vir , mas achou que era melhor colocar uma pedra em cima disso tudo.Dizer para ela não acalentar falsas esperanças.
Apesar do frio , a lua aparecia no céu , brilhante dando a neve um prateado muito bonito. Gina caminhava a sua frente parou e olhou para o céu e sem se virar comentou.
- É um belo luar... lembra-se foi numa noite assim que você me deu o primeiro beijo, só a lua como testemunha...
- É..- limitou-se Harry a dizer , agora ele desejava ardentemente voltar para dentro da Toca.Sabia o que estava por vir, escutar Gina se queixar do fora que ele deu nela.
Ainda de costa ela também relembrou.
- Foi numa noite assim também que você me abandonou...
Não disse? Harry meio irritado respondeu.
- Ora Gina, não vamos desenterrar isso agora...éramos apenas garotos , crescemos, agora você é uma mulher...
- Você me fez mulher! Ou já se esqueceu?. - retrucou ela com raiva, virando-se rapidamente para ele, a magoa e a fúria estavam projetados em seus olhos. Harry achou que ela não tocaria naquele assunto, que ele considerava tão delicado, mas ela estava levando tudo a tona novamente.
Era verdade, Gina no seu desespero de que Harry a deixasse , se entregou a ele, mas eram jovens e inconseqüentes, deixou-se levar por ela, se rendeu aos seus encantos sedutores.
Mas depois disso descobriu realmente , que, infelizmente, não era o que ele realmente queria , não daria certo ,uma semana depois ele a deixou definitivamente, iria em poucos dias entrar para o Gergana não adiantava engana-la, pois ele iria partir, por um tempo indefinido, não valia a pena levar em frente.
Os dois nunca contaram a ninguém sobre esse breve relacionamento frustrado, mas o que ele não entendeu era como ela se casou tão de repente com Draco.
- Escuta Gina, se você não gosta do Draco, então porque se casou tão rápido com ele?
- Por raiva , de você, de mim ,- respondeu irritada mas sem firmeza - queria te magoar se casando com seu pior inimigo, mas o tiro acabou saindo pela culatra. Queria te castigar, castigar a mim...por não termos ficado juntos...
- Gina ...me desculpe mas não ia dar em nada...não iríamos ser felizes...- disse desapontado.
- Tudo bem Harry - fungou ela desapontada, lutando para não se desmanchar em lágrimas , mais ainda - não é culpa sua se você não me ama, eu que não soube como encontrar o caminho para chegar ao seu coração, e agora ele deve estar mais interditado do que nunca...
Luck apareceu na porta, Lilly estava com ele , a menina se afeiçoou muito a ele, por um milésimo de segundo Harry achou que eles até se pareciam um pouco.
- Mamãe , o vovô está te chamando...
- Já vou querido - respondeu Gina limpando os olhos , não queria que ninguém visse que ela chorou.
Ele olhou condoído para ela , nunca queria vê-la naquele estado , ele a queria bem , mas como a uma irmã. Uma irmã que nunca teve.
Gina levantou os olhos para Harry e murmurou.
- Pelo menos uma parte de você ficou comigo...
E saiu em direção a casa, Harry não entendeu direito o que ela quis dizer com isso, imaginou que ela ainda guardava parte do amor dele, ou coisa assim.Deu de ombros e voltou para a casa para se reunir aos outros.
********
Passado as comemorações de fim de ano , Harry se encontrou com Mary no salão principal, ela ajeitava carinhosamente a capa de seu filho Harnold, com a varinha reparava um rasgo bem grande.
- Da próxima vez , cuidado com aquelas plantas. Bem que Lana não devia deixar aquelas coisas crescerem tanto.
- Está bem , mãe, terei cuidado da próxima vez, até logo . - disse ele dando um beijo nela e saindo correndo em direção a sua casa ,a Sonserina. Harry viu o menino se afastar e imaginou se por acaso Mary tivesse estudado em Hogwarts ela fosse da Sonserina.
- Harry. - chamou Mary, dessa vez ela usava as vestes comuns dos professores, seu cabelo preso numa trança, estava muito bonita. - aceitaria jantar essa noite, lá em casa?
- Jantar? - perguntou ele , já fora convidado para almoçar enquanto investigavam o Morag, mas jantar era diferente.
- Então? - perguntou ela ansiosa pela resposta.- vai ser uma coisa simples...
- Tudo bem . - aceitou ele .
Mary sorriu satisfeita.
- Espero você as oito, até mais - e saiu pelo mesmo caminho que seu filho fizera a pouco, com a trança balançando , junto com sua capa.
A noite avisou a Sirius para onde iria, Black levantou os olhos do jornal que lia e olhou Harry divertidamente.
- É bom , vê-lo saindo um pouco, para se divertir...pode ir sossegado que olharemos Lilly para você.
Se divertir? Seria apenas um jantar nada mais , pegou sua vassoura e partiu.

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