Solitários - Capítulo 4 - Confusão parte 2
Capítulo 4 - Confusão, parte II
 
Quando começava a escurecer, Gina falou para Draco:
- Draco, acho melhor eu ir subindo, porque senão o Harry e o Ron podem ficar desconfiados.. sabe?
- Ah.. sim.. tudo bem, Gina.. é uma pena... mas amanhã a gente se fala, né?
- É! E hoje a noite também, né?
- É! Eu subo mais tarde, pra não dar na vista...
Ela ficou em pé, limpou a roupa e abaixou a cabeça na direção de Draco. Ele olhou bem dentro dos olhos castanhos dela. Ela sorriu e beijou a testa dele.
- Até depois! - ela disse, jovialmente, enquanto se afastava...
Até querida.. Gina.. ficou pensando Draco. Logo, ele também juntou a capa, os pacotes de doce e subiu para o salão comunal da Sonserina.
Gina encontrou Rony e Harry saindo da torre da Grifinória. Eles olharam desconfiados para ela.
- Onde é que você estava? A gente já estava indo atrás de você...- resmungou Rony.
- Eu.. eu.. estava.. andando por aí...
- Pelo trovão, Gina, não me diga que você estava com o tal do Malfoy... você sabe que ele só quer atrapalhar a gente...
- Olha, Rony, eu to cansada, tá bom? Me deixa, que eu.. eu não estava com o Dra.. com o Malfoy.
- Bom mesmo. Vamos Harry, a Mione já deve estar no Hagrid.
- É, vamos.. tchau Gina - disse Harry
- Eu posso... ir junto? - Perguntou Gina, baixinho.
- Melhor não. É secreto. - Disse Rony, virando as costas e puxando Harry pela manga da veste.
Eu imaginava...Gina entrou pelo quadro da Mulher Gorda, passou pela sala sem ser notada, e se jogou na cama.
 
 
 
*****
 
- Draco, Draco! Chegou uma coruja pra você! A Pandora foi me cutucar lá no quarto! - resmungou Goyle, agitadamente, enquanto apontava uma coruja cinzenta, quase preta, pela porta entreaberta do quarto.
- Tá bom, Goyle...- disse Draco, sem ânimo.
Num instante Goyle correra para junto de Crabbe, sua cara-metade. Draco entrou no quarto, as paredes úmidas da masmorra cheirando à mofo. Pandora, sua coruja, veio voando em sua direção tão logo ele atravessou a porta.
- Isso mesmo, Pan.. boa menina...- disse ele, acariciando a cabeça fofa da coruja. - Só entrega pra mim...
Ele soltou o laço do pergaminho amarrado na perna da coruja, que, prontamente, voou pela janela até o corujal. Draco leu.
 
"Draco
 
 
Encontraram a Narcissa. Venha esta noite mesmo para a mansão, já mandei uma coruja pro idiota do Dumbledore e um coche estará esperando logo que anoitecer. Em uns dois dias você poderá voltar.
 
 
Lucius."
 
Ele olhou pela janela e viu o coche com um grande M no teto, esperando junto ao portão. Suspirou. Só então percebeu que havia mais alguém no quarto. Ele se virou. Era Pansy Parkinson.
- Suspirando pela Weasley, Draco...? - Ela perguntou baixinho. Os olhos negros brilhando cruelmente.
- Como é que é, Pansy?
- Você acha que eu não vi? Ela entrou rindo no castelo, logo depois você também entrou rindo... tá namorandinho aquela pobretona Grifitrouxa?
- O QUÊ? - Ele gritou, puxando Pansy das sombras. - Como você ousa falar assim da Gin...da Weasley? E eu não estava com ela!
- Então você não andou se agarrando com a Weasley, Draco? - Ela perguntou, se livrando das mãos dele - Não estava num canto com ela...
- Claro que não!!!
- Então me beija, Draco... vai... - ela estava se aproximando dele, o rosto quase tocando o dele...
- Sai, Pansy! Eu to ocupado e .. não quero beijar nem abraçar nem encostar em você!
- Ah é? Agora é propriedade exclusiva da Weasley? - Ela comentou, feroz, andando ao redor de Draco...
- Cala a boca, e sai do meu quarto - Cuspiu Draco, enquanto empurrava Pansy porta a fora.
Ela ainda abriu a boca num esgar para dizer algo, mas ele fechou a porta com estrondo, na cara malvada da garota.
Só me faltava essa... a idiota da Pansy acha que eu gosto da Gin... mas.. será possível?
 
 
Gina estava na cama. O Rony fica me incomodando, acha que eu to fazendo o que, namorando o Malfoy? Deve achar que eu gosto dele... mas... será possível?
 
 
Pelo trovão... Eu estou apaixonado pela Weasley.
Santa varinha... Eu estou apaixonada pelo Draco.
Tec.
Gina, oi? Tá me ouvindo?
Ops.. Draco? Estou sim.. desde quando você está aí?
Acabei de fazer o feitiço. Porque? Fazendo coisa feia?
Não... nada não... o que foi..?
Eu.. eu...
Você?
Ah, Gina.. eu..
Draco...
Eu tô indo embora essa noite. Acharam ela.
Nossa... hmm.. e quando você volta?
No fim-de-semana, creio eu...
Seja forte, tá bom? Qualquer coisa, me chama...
Tá bom.. acho que.. que vai ser horrível...
Mas você vai agüentar sim... sério...
Não me esqueça nesse meio tempo!
Nem você, Draco!
Beijo, Gin. Tchau.
Tec.
 
 
Será que ele não ouviu nada mesmo? Nesse instante, Edwiges, a coruja de Harry entrou pela janela.
- Que é isso, Edwiges? - se assustou Gina, enquanto apanhava a carta que ele trazia nas garras.
"Gina
 
 
 
Pega a capa do Harry, está perto da lareira, atrás do vaso azul, na sala. Não precisa vir no Hagrid, entrega pra Edwiges que ela traz.
 
 
Ron"
 
Ela olhou para a coruja pousada na sua cama. Eles confiam e gostam mais dessa coruja do que de mim... E saiu da sala, para buscar a tal capa. Encontrou bem atrás do vaso azul. Colocou dentro das vestes e decidiu ela mesma entregar na cabana do Hagrid.
Saindo pelo quadro, tropeçou em alguém que estava parado, no corredor.
- Opa.. desculpa... - murmurou Gina, tentando enxergar melhor
- Desculpa nada, Weasley. Fica quieta que eu tenho que te contar umas coisinhas... - uma voz feminina, rouca.. que Gina não conhecia murmurou - sobre o seu Draquinho..
- O quê? Meu o que? - Ela resmungou, puxando o ser para fora das sombras... era uma menina da Sonserina, que sentava perto de Draco... - Quem é você?
- Pansy, Pansy Parkinson, a namorada do Draco Malfoy.
- A o quê? - Ela perguntou assustada, namorada? Com certeza ele teria contado... mas ele já havia falado algo sobre Pansy...
- Na-Mo-Ra-Da. E é bom você sair de perto dele, viu, Weasley? Senão ele pode fazer algo que você talvez não goste, na sua inocência...
- o- o - o quê?
- Ai, Weasley, acho que você é surda. Mas eu já avisei. Cuidado, que o Draco não é um menininho. É um homem. É o MEU homem. Avisada.
Ela virou as costas e sumiu no corredor mal iluminado. Gina estava tremendo. Voltou para o quarto e entregou a capa para Edwiges. Não estava mais preocupada em ser excluída. Sentiu um estalo no peito. Era o seu pequeno coração adolescente quebrando mais uma vez.
 
 
 
*****
 
Poxa.. eu nunca tinha reparado que a mansão era tão longe...pensou Draco, enquanto olhava monotonamente através da janelinha do coche. Vou falar com a Gin... to morrendo de saudade... será que eu conto pra ela? Ele puxou a varinha de um bolso interno da veste, e fez o feitiço. Nada. Tentou de novo. Nada. Será que eu fiz alguma coisa errada? Mais uma vez. Nada. Claro... só funciona se ela quiser falar comigo... ela não quer falar comigo?
Draco guardou a varinha e apoiou a cabeça na janela, estava com o coração apertado. Será que ela não gosta de mim tanto assim?
 
 
 
*****
 
Como eu pude me iludir tanto? Pensava Gina, chorando baixinho, o rosto colado ao travesseiro. Na verdade, ele não tem culpa... não fez nada errado... ele quer ser meu amigo, eu acredito nisso... mas é só isso...
No meio desses devaneios, Hermione entrou afobada no quarto:
- Gina, você aqui... - exclamou Mione, ao ver Gina deitada.
- Pois é..
Hermione mexeu na mala, tirou um livro grosso, que pelo que Gina pode ler no escuro era entitulado 'Feitiços Dolorosos: Como causar e repelir dor.' Gina sentou na cama, passou as mãos rapidamente pelo rosto.
- Eu posso ir com você, Mione? Eu estou me sentindo meio sozinha - murmurou Gina, temendo a resposta.
- Ah Gina, hoje não, tá? A gente tá meio ocupado... - desculpou-se Hermione, saindo do quarto. - Se você tá sozinha, dá uma voltinha na biblioteca.... - e bateu a porta.
- Claro...- resmungou Gina, sem ânimo nem emoção. - Biblioteca...
Ela puxou um livro de debaixo da cama, e começou a folhear o enorme índice.
- Hmm... vamos lá... aliviar, aliviar... achei.
E começou a ler, quase no meio do livro 'Amor de Bruxo', o capítulo referente ao alívio de corações partidos, paixões arrasadoras e bruxos sedutores. Ela não sabia qual era o seu caso, possivelmente uma mistura dos três, e, em pouco tempo, ela estava dormindo, debruçada nas páginas amareladas do chá anti-paixão.
 
 
 
*****
 
Quando o coche chegou na mansão, Draco estava dormindo. Jake, mordomo, um fantasma sério e respeitoso, bateu na janelinha para acorda-lo.
- Hmm... onde, o que... hmm.. oi Jake - murmurou Draco, abrindo a porta, e descendo, enquanto Tobby e Mobby, dois dos elfos domésticos dos Malfoy carregavam as malas porta a dentro.
- Como foi a viagem, senhor? - perguntou Jake, pomposamente, enquanto Draco seguia para o Hall de Entrada da casa.
- Boa, Jake, boa...
Logo que passou pelo grande portal, sentiu novamente o frio constante que era habitual na suntuosa mansão de pedra.
- Seu pai mandou avisar-lhe para tomar um banho e se vestir propriamente para a cerimônia, que acontecerá ao entardecer - disse Jake, veemente.
- Mas e o almoço?
- Já está servido no seu quarto, senhor. - e com um estalo, o fantasma-mordomo desapareceu.
- Claro... nem por um instante eu imaginaria que ia almoçar acompanhado... - resmungou Draco, subindo a longa escada de mármore, à esquerda da entrada.
Ao final da escada, ele seguiu pelo corredor à direita, virou duas ou três vezes, andando em corredores cobertos de quadros de toda a família Malfoy. Algumas senhoras bem vestidas sorriam sobriamente, os homens, geralmente carrancudos, resmungavam sozinhos ou uniam-se em grupos de dois ou três para apontar para Draco.
Eles sabem que eu não mereço ser um Malfoy... sabem que eu sou fraco demais... mas só eles sabem... só eles...
Finalmente, chegou à grossa porta de seu quarto, empurrou, entrou. Fechou a porta silenciosamente. Ao lado da cama, havia uma mesinha armada, trêmula. Trêmula porque Tobby, o elfo doméstico, era quem estava sustentando-a .
- Tobby! A mesa é pesada demais pra você! - exclamou Draco, retirando o tampo dos braços do elfo, suado de esforço, e depositando sobre a cama
- Desculpe senhor, perdão.. Tobby é fraco... - tremia o elfo, fazendo reverências para Draco.
- Pare com isso, sabe que quando estamos sozinhos você pode agir normalmente... - disse Draco, displicente, enquanto apanhava uma maçã de um dos pratos.
- Mas senhor... o senhor é sempre tão cruel..- dizia Tobby, arregalando os olhos e mordendo os próprios dedos.
- Tobby, você está bem? Desde quando eu sou cruel com você? - respondeu Draco, mordendo a maçã e observando curioso o elfo se debater.
- Não senhor... o senhor é mau, castiga Tobby, castiga!!! - guinchava o elfo, arranhando os braços.
- Eu hein, Tobby. - Draco sentou-se na cama, devagar.- Senta aí...
- Então é assim que um Malfoy trata um desprezível elfo doméstico? - Draco ouviu uma voz rouca ribombar como um trovão pelo quarto. Era Lucius.
- Ah... hmm.. Lucius... eu... - murmurava Draco, desconexamente, enquanto o vulto do pai de despregava da sombra do guarda roupa, e Tobby corria para fora do quarto, ganindo.
- Eu vi muito bem o que você fez, Draco. Tratando um elfo como um igual? Qual é o próximo passo? Ficar amigo do Potter? Casar com uma sangue-ruim? Não.. é pouco... você vai ir morar com os trouxas?! - Gritava Lucius.
- Mas papai...pai.. Lucius...
- Mas nada! Você envergonha os Malfoy! Se não é frio e organizado o suficiente, finja!
- Mas eu finjo, eu finjo! - respondeu Draco, com os olhos cheios de lágrimas. - Eu finjo mais do que consigo! Sou cruel o tempo todo, reclamo, grito, trato mal...
- E eu viro as costas e você convida um elfo à sentar na sua cama!?
- Ele estava cansado... o tampo era muito pesado...
- E daí? Ele é um elfo! É nosso escravo. Nasceu pra fazer isso. Você tem que entender que NÓS SOMOS SUPERIORES! - gritou Lucius - E agora seque essas lágrimas de trouxa, coma logo e se arrume. Logo os convidados vão chegar e eu não quero me envergonhar mais ainda.
Assim que Lucius bateu a porta, Tobby aparatou ao lado da cama de Draco.
- Eu tentei avisar o senhor.. eu tentei.. - ele murmurava, nervosamente.
- Tudo bem Tobby, eu vou tomar um banho.. vai dar tudo certo - disse Draco, secando o rosto. - Vai dar tudo certo.
 
Tobby ficou olhando Draco pegar uma toalha e ir para o banheiro, e logo que ele fechou a porta, sussurrou, abaixando a cabeça, com pesar, as grandes orelhas pendendo dos dois lados da cabeça, tristemente:
 
- Pobre do jovem sr. Malfoy...

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