Forçou? Como se força alguém a
namorar? Será que eles.. ele e ela já... e ela cobrou
dele... ai... e agora....?
- O que você tanto está pensando,
Gin? - Ele perguntou, enquanto se aproximava devagar dela, os
ombros já se tocando...
Ela afastou-se mais um pouco, sob o
olhar de espanto de Draco. Bem que ela me disse... ele não
era um garoto... era um homem.. o que ele quer comigo...
de repente, os olhinhos dela se encheram de lágrimas.
- O que você quer comigo, Draco?! -
ela falou, rispidamente, com os olhos marejando.
- Eu... ahm... hmm... eu gosto...
gosto de você... - ele respondeu, abaixando os olhos. - O
que ela quer que eu faça!? - Quero... quero... beijar
você, agora.
- E a Pansy?
- O que tem a chata da Pansy a ver com
isso??? - ele perguntou, sem entender.
- Você sabe. Você sabe, sim!
- Não sei não. Por que você fica
insistindo nela?
- Porque ela é a sua namorada? - ela
gritou, de uma vez, cuspindo sem querer no rosto dele.
- Minha o que? Acho que não, hein...
- ele disse, rindo e limpando a baba de Gina que se espalhara
por seu rosto todo.
- Então o que você achou que ela
tinha me contado? - Gina perguntou, secamente.
- Que eu e ela... a gente.. já... -
ele corou subitamente.
- Vocês já o que? - ela perguntou,
com o corpo todo tremendo. Por favor, não tenham feito...
não tenham....
- A gente andou se beijando... hmm..
se agarrando por aí... - ele disse, vendo as orelhas de Gina
ficarem vermelhas. - Mas... foi só porque ela disse que eu...
que eu não era... homem, sabe? Porque eu nunca... - ele corou
mais furiosamente, as bochechas pálidas extremamente rosadas.
- nunca... tinha beijado... ninguém...
- O que? - Gina riu.
- Sério.. - ele disse, começando a
voltar à cor normal - ... mas ninguém precisa saber, né?
- Não, claro que não... - ela tinha
o coração disparado, o corpo latejando, agora, só faltava
eles falarem... já estava tudo subentendido... - Draco, eu...
eu gosto muito de você... também... - corou - ... quero te
beijar.
Eles se olharam. Avançaram devagar.
Bateram os narizes. Riram. Viraram para o mesmo lado. Bateram
de volta. Riram.
- Sabe Gina, acho que agora não é
hora.. - ele falou baixinho - tem que ser mais... expontâneo...
mas... eu tenho que te perguntar umas coisas...
- Sim?
- Você não gosta mesmo do Potter? -
ele perguntou, quase num sussurro, morrendo de vergonha.
- Eu... bem... eu gostava dele sim...
mas... não gosto mais... não.
- E... você... quer... ficar....
comigo... mais... vezes?- ele perguntou pausadamente, tomando
fôlego.
- Tipo... namorando? - ela perguntou,
com os lábios tremendo.
- É... mas claro...se você não
quiser... se quiser... só agora... tudo bem... mas se nem
agora...se só quiser... amizade, tudo bem... - ele gaguejou.
- Eu... quero... muito... - ela disse,
a voz freneticamente rápida.
Os olhos de ambos cintilaram, a noite
já estava escura. Voltaram caminhando lado a lado para o
castelo. Se separaram na entrada do corredor, onde ela subia
as escadas e ele seguia por trás de uma parede falsa.
- Durma bem, Gin... - disse ele, se
afastando devagar.
- Durma bem, Draco... - ela sussurrou,
mandando um beijo pelo ar.
Ele deu dois passos grandes e
rápidos, e, num instante, estavam com os corpos colados, os
lábios colados, os corações vibrando juntos... Gina sentia
o corpo desmanchar, enquanto Draco ardia da cabeça aos pés.
- Aha! Peguei vocês! - eles ouviram a
voz irritante e conhecida de Pirraça pairando sobre eles. Se
separaram rapidamente. - Que meigo! A ruivinha Grifinória e o
cinzento Sonserino se amam! - ele ria, dando voltas no ar.
- Pirraça, quieto.... - murmurou
Draco.
- É Pirraça, por favor... - Gina
acrescentou, pálida.
- Ah... tá certo.. é um Amor
Proibido.... os inimigos se amam.... - ele disse, num tom
calmamente zombeteiro. - Mas vejam quem vem lá, disse ele,
apontando para o fim do corredor.... se não é o nosso
querido professor...
Gina e Draco se viraram ao mesmo
tempo, para ver, com terror, o volto crescente de Snape
atravessar o corredor em sua direção. Pirraça saiu cantando
e rindo pelo corredor afora, o estrago já feito.
- Então Sr. Malfoy... - ele sorriu
amargamente - e Srta. Weasley... vocês estão... hmm...
fazendo o que, a essas horas, fora dos respectivos salões
comunais?
- Nós... ahm... estávamos... - Gina
tremia, tremia...
- Fazendo um... trabalho... é...
- Mas vocês não são de anos
diferentes? - perguntou Snape, se divertindo extremamente. - e
de casas diferentes...?
- É... mas... hmm...
- Sr. Malfoy, pode ir para o salão da
Sonserina, sei que não estava aprontando, mas a Weasley, pode
vir comigo, vou levá-la ao Filch, imagine... uma Grifinória
rondando.... - ele disse, irônico e cruel.
- Se ela... ela for - disse Draco,
baixinho - eu também vou...
Gina sorriu para ele. Era sua primeira
detenção. Snape viu o sorriso e acrescentou, numa voz fria e
aguda:
- Que meigo sr. Malfoy, o que será
que seus colegas vão achar de estar defendendo uma Weasley? -
os olhos negros ardendo de raiva. - Então vão os dois para
suas torres, e amanhã irão saber sobre suas detenções. -
eles começaram a se separar, andando um para cada lado, de
cabeça baixa. - E claro. Menos 5 pontos para a Sonserina... e
menos... hmm 10 para a Grifinória - ele acrescentou, antes de
desaparecer nas sombras.
Draco tremia, em direção à sua
parede falsa. Gina, pálida, estava chegando à mulher gorda.
No dia seguinte, toda Hogwarts iria saber, quando ouvissem
Snape chamar ambos para a detenção. O mundo Sonserino de
Draco ia desabar, com direito a escândalo de Pansy, e
sussurros de Crabbe e Goyle, e Gina... Gina estava arrepiada
só de imaginar o que Rony, Fred e Jorge iriam dizer...
*****
Draco entrou devagar, o salão comunal
começando a esvaziar. Ele rumou direto para seu dormitório,
onde Crabbe e Goyle já roncavam ruidosamente. Amanhã ele
teria aula de poções logo cedo, e já imaginava a
humilhação que Snape o faria passar. Deitou na cama, e
dormiu logo, cansado das agitações do longo dia, mas antes,
teve um único pensamento feliz: A Gina é minha...
*****
Gina entrou ainda abalada pelo retrato
da mulher gorda, o time de quadribol ensaiava novas
movimentações: o primeiro jogo da temporada seria no
fim-de-semana seguinte, contra a Corvinal, assim, foi fácil
passar desapercebida, enquanto todos se concentravam ao redor
dos jogadores. Ela entrou no dormitório ainda vazio, deitou.
No dia seguinte, depois do almoço, ela teria aula de
poções. Teve um calafrio. Se revirou na cama algum tempo
antes de adormecer, e seu último pensamento antes de começar
a ter sonhos agitados foi: O Draco é meu, só meu...
*****
Estavam preparando a poção
arranca - tudo, que fazia a pessoa vomitar quase todo o
tipo de veneno que pudesse ter ingerido: era um ótimo alívio
enquanto não se encontrava um antídoto... a de Draco, como
sempre, era a mais elogiada por Snape, e por algum tempo, ele
chegou a pensar que talvez ele tivesse esquecido o incidente
da noite passada... deu um sorrisinho ao lembrar de Gina.
- Aposto como ele está tramando
alguma coisa! - sussurrou Rony, baixinho, para Harry, que já
estava se recuperando também.
- É, com essa cara de satisfeito... -
Harry respondeu, acrescentando mais duas caudas de lagartixa
ao caldeirão.
A aula já estava no fim quando o
maior medo de Draco se materializou na voz rouca do professor:
- Bem, acho que todos podem ir...
Potter e Weasley, pelos seus cochinhos durante a aula, vão
ficar para limpar as bancadas... - Ele olhou ferozmente para
Harry, que dava um muxoxo conformado e começava a juntar as
ervas que sobraram nas bancadas. - e o sr. Malfoy, venha até
a minha mesa, para combinarmos sua detenção...
Todos se arrepiaram. Malfoy? De
detenção? Por causa do Snape? Alguma coisa estava muito
errada... saíram rapidinho, antes que o professor
percebesse que Draco era seu aluno preferido e resolvesse
descontar em outro alvo sua fúria. Apenas Harry e Rony
estavam na sala, esfregando umas manchas muito suspeitas da
bancada de Neville quando Snape falou, rouco e alto:
- Bem, sr. Malfoy, acho que o senhor
não chegou a se iludir achando se sua detenção seria junto
com a da sua namoradinha... não?
Harry e Rony se entreolharam, pasmos.
Draco abaixou a cabeça, corando
loucamente. Ele sabia que Harry tinha ouvido.
- Sim senhor...
- Então... hmm... você vai catalogar
os novos livros da biblioteca, a partir das oito na noite, com
a Pince. - Draco sentiu um alívio percorrer o corpo...
imaginava outra excursão medonha pela Floresta Proibida. - E
se o senhor quiser saber, - acrescentou Snape, cheio de
malícia na voz - sua amiguinha vai trocar os archotes das masmorras
da torre sul... aqueles estão velhos demais... - ele riu
abafado.
Draco se arrepiou todo. As masmorras?
Mas lá era muito frio e com fantasmas tão medonhos que mesmo
Pirraça evitava aparecer lá. E ainda no escuro, porque os
archotes estariam apagados para que ela pudesse tocá-los.
Rony e Harry tiveram um calafrio.
Torre sul? Eles só conheciam de ouvir falar, e a tal garota
do Malfoy ia ter uma noite e tanto... Deve ser a Pansy, aquela
bigoduda que senta perto dele no salão principal, pensou
Harry.
- Mas... professor... a masmorra da
torre Sul é muito.. perigosa... - Draco murmurou, para que os
outros garotos não ouvissem.
Mas Snape fez questão de dizer muito
audivelmente:
- Quem diria, Draco, o senhor,
defendendo aquela Grifinória....
Harry e Rony não conseguiram se
controlar e soltaram uma exclamação. Quem poderia ser?
- Eu.. - Draco sussurrava agora- ...
eu não podia trocar com ela?
- Eu não ouvi, sr. Malfoy - disse
Snape, que tinha ouvido muito bem, mas que queria forçar
Draco a, ou passar vergonha na frente dos inimigos, ou voltar
ao seu estado normal de crueldade, sendo este último o que
Snape realmente queria.
Será que eu falo? Ahm... eu não
posso deixar a Gina lá... mas se o Potter souber...
ele respirou fundo, e disse em alto e bom tom:
- Eu gostaria muito de trocar de
detenção com ela, prof. Snape.
Harry cutucou Rony, que estava de boca
aberta, o olhar fixo de pavor em Draco e disse:
- Ron, quem será essa menina que faz
o Malfoy querer trocar archotes numa masmorra
mal-assombrada...?
- E bota mal nisso... - Rony murmurou,
se recompondo.
Snape olhou para dentro dos olhos de
Draco, que suava em bicas. Talvez achando que havia sido
castigo suficiente a humilhação na frente de Potter, Snape
disse, entre dentes:
- Então está feito, às oito da
noite esteja no Hall de Entrada, e o Filch vai te levar até a
entrada das masmorras, afinal, ele nunca entra lá - ele
sorriu, amargo. - E a sua namoradinha vai ficar na biblioteca
então. Agora saia, antes que eu mude de idéia.
Draco saiu chispando, as orelhas
zunindo e a cabeça fervendo. Até que ouviu Snape gritar:
- Menos 5 pontos para a Grifinória
pela demora com essa limpeza! E agora vão, vão vocês dois!
E ele ouviu os passos rápidos de
Harry e Rony atrás dele. Draco se escondeu atrás de uma
larga armadura e ouviu Rony cochichar:
- Eu daria até 50 pontos pra ouvir o
Malfoy se humilhando de novo!
Draco tremeu e seguiu para a aula de
Adivinhação. O que poderia ser pior?
*****
Gina só viu Draco na hora do almoço,
ele parecia mais pálido do que o de costume, num canto da
mesa da Sonserina. Tec.
Draco, você tá bem?
Tô.. mais ou menos... você.... vai
saber...
Como assim?
O Snape... a detenção... vou trocar
archotes na torre Sul...
Torre Sul! Mas lá é horrível,
Draco!
Eu sei... mas isso nem é o pior...
O Potter e o teu irmão sabem...
O ... o que?
É...
Tec.
- Gina, Gina!?! - gritava Rony - Você
tá aqui, hein?
- Ahm.. hmm.. claro que estou... - ela
disse, ainda chocada.
- Então, quem você acha que é a
namorada do Draco? - ele perguntou, rindo.
- O .. o que? Quem o que? - ela não
queria acreditar....
- Nossa Gina, você tá bem..? -
perguntou Mione, assustada... - Você está tão pálida... a
gente só estava apostando...
E Harry contou toda a história da
aula do Snape. Ela se sentiu orgulhosa de Draco... ele a
salvara de um bocado... as masmorras eram tenebrosas até não
poder mais...
- ... e por isso, eu acho que é a
Parvati - Harry concluiu.
- E eu acho que é aquela menina do
segundo ano, a que tem o cabelo igual o dele. - Rony disse,
engolindo mais um bolinho de abóbora - Ele é tão egoísta
que só pode gostar de alguém igual ele...
- Eu acho que é a Pansy - disse
Mione, olhando a garota da mesa da Sonserina - Eu sei que ele
falou da Grifinória, mas qual garota daqui seria burra o
suficiente para cair na conversa dele?
Gina se arrepiou. Rony perguntou:
- Então, Gin, quem é a garota do
Malfoy?
- Eu.. eu... - ela não sabia o que
dizer... - eu não faço idéia... - olhou para o relógio - e
estou atrasada para a aula de Poções!
Saiu correndo da mesa, seguida pelos
olhares curiosos de Harry e Rony. Draco ainda teve outro
calafrio, antes de seguir para a aula de feitiços, a última
do dia...
*****
Gina entrou quando a sala ainda estava
vazia. Apenas Snape arrumava seu caldeirão no meio da mesa
principal.
- Ah... quem diria, Srta. Weasley,
tão pontual... - ele fez uma careta de ironia nociva.
Ela corou e se sentou bem no fundo,
rezando para que ele desse a detenção antes da sala encher,
mas como sempre, ele parecia que lia pensamentos e foi no meio
da aula, enquanto as poções de petrificação estavam
borbulhando e a sala estava em total silêncio que ele rugiu:
- Weasley, venha até aqui.
Ela levantou e foi caminhando
apressada, quase derrubou o caldeirão de Colin, que estava
olhando assustado para ela e para o professor, sem entender.
- Sim , professor? - ele murmurou, a
cabeça baixa.
- Quanto à sua detenção... bem,
graças ao seu namoradinho, a Srta. vai ficar na biblioteca,
catalogando os livros novos, à partir das oito da noite.
Todos se entreolharam, Gina de
detenção? Como? Ela estava sempre tão quieta e era tão
estudiosa que era difícil entender... e ainda tinha um
garoto na história...
- E não se atrase, que por cada
minuto que a Pince tiver de lhe esperar, a Grifinória vai
perder 5 pontos... - os olhos se estreitaram em duas fendas
malignas - entendido?
- Sim senhor... - ela virou as costas
e só então percebeu que a sala toda olhava fixamente para
ela. Corou. Se enterrou no seu lugar e ficou lá, congelada,
até Snape dispensar os alunos. Todos cochichavam na saída,
ela podia ouvir trechos dos sussurros.. Namorado... deve
ser o Potter.... ele beijou ela ontem....
*****
Eram nove horas quando Harry perguntou
para Mione se ela tinha visto Gina depois do jantar.
- Não, não vi.... e você, Ron?
- Ué... agora que eu percebi que ela
não estava aqui. - Rony fez cara de intrigado. - Aonde ela
foi parar? Será que tinha mais alguma aula?
- Acho que não - disse Harry,
apontando para Colin - Ele é da sala dela e tá bem ali...
Como Colin tinha o poder de perceber
quando Harry falava dele, ele disparou como uma flecha e
perguntou, solicito:
- Oi Harry, tudo bem? Me chamou?
- Não Colin... - Harry respondeu com
desânimo... - mas... você viu a Gina por aí?
- Ah, ela tá na biblioteca... - ele
respondeu, alegre por estar sento útil para o famoso Harry
Potter.
- Viu, ela tá só estudando, Ron... -
disse Mione, abraçando-o pelas costas.
Harry virou o rosto, encarando Colin.
Então, Colin, aproveitando um minuto de atenção exclamou:
- Não... ela tá é cumprindo
detenção!
Mione e Rony se soltaram do abraço
que começavam a dar. O queixo de Harry caiu uns dois palmos.
- Certeza? - Harry perguntou.
- Sim, o Snape que falou hoje, na hora
da aula... e tinha uma história de namorado que eu não
consigo lembrar... - Colin disse, fazendo um esforço mental.
Rony ficou roxo de raiva, Mione e
Harry se entreolharam, mas só ela teve coragem de dizer em
voz alta:
- Então ela é a namorada do Draco!
- Draco Malfoy? - Colin gritou, e
todos que estavam no salão olharam para ele, que sem perceber
isso, disse ainda mais alto - Gina Weasley namora Draco
Malfoy!